A Americanas divulgou, ontem, o balanço corporativo, que registra o prejuízo de R$ 4,61 bilhões entre janeiro e setembro de 2023. Os dados estavam suspensos desde o começo do ano passado, quando a empresa encontrou uma fraude bilionária em suas demonstrações financeiras.
Segundo o documento atual, o prejuízo da empresa foi puxado por uma queda de 45,1% em sua receita líquida nos nove primeiros meses de 2023. A principal razão para essa baixa na receita foi a forte diminuição nas vendas realizadas pelos canais digitais da companhia: uma queda de 77,1% entre janeiro e setembro de 2023 em comparação com os mesmos meses de 2022. “O ano de 2023 foi, sem dúvida, o mais desafiador da história da Americanas, não só pela magnitude da fraude revelada, mas pela necessidade de reconstrução que se apresentou”, admite a administração da rede de varejo no balanço.
Nos três trimestres do primeiro ano de crise — que levou a companhia a um processo de recuperação judicial, com uma dívida estimada em R$ 50 bilhões —, a receita da empresa foi de R$ 10,293 bilhões. Os dados mostram, ainda, um prejuízo de R$ 12,9 bilhões em 2022, e de R$ 6,2 bilhões em 2021. A empresa informou que os números foram revisados após a empresa ter revelado as inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões em seus balanços. Os dados mostram que nos nove primeiros meses de 2022, o prejuízo havia sido de R$ 6 bilhões.
Recuperação judicial
Com a homologação do Plano de Recuperação Judicial e o avanço no novo plano de negócios, a expectativa da Americanas é de redução do endividamento, geração sustentada de caixa e rentabilidade positiva em 2025. “Hoje, já podemos dizer que superamos a fase mais crítica pela qual a Americanas passou. O que vem nas próximas etapas ainda é bastante desafiador e o processo de recuperação, como dito na divulgação de resultados de 2022, será contínuo e gradual”, afirmou Leonardo Coelho, CEO da Americanas.
A empresa comunicou a “otimização do parque de lojas”, com encerramento de 99 operações deficitárias e aumento da alavancagem operacional nas mais de 1.700 lojas físicas em todo o Brasil. O relatório diz ainda que as vendas digitais caíram, devido à redução da confiança nas primeiras semanas após o pedido de recuperação judicial e, em um segundo momento, em função da revisão de sua estratégia.
Segundo a especialista e referência global em compliance, Esther Flesch, a divulgação das alegadas fraudes cometidas dentro da gestão das Americanas abalou profundamente a empresa. “O abalo ocorreu em diversos níveis, e isso se reflete evidentemente nos resultados da empresa. Em primeiro lugar, houve a investigação sobre a participação de empregados, administradores, conselheiros e até mesmo os acionistas de referência na idealização e execução dos malfeitos”, explicou.
“A investigação trouxe sobre a empresa a imediata repercussão de danos a imagem, que já na nossa era da internet e redes sociais é imediata e devastadora”, acrescentou Flesch.
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Publicado em Correio Braziliense.